(IFFR2022) Stand by me

COBERTURA DO FESTIVAL DE CINEMA DE ROTERDÃ (IFFR2022) 


STAND BY ME

de Tamara Dondurey (Rússia, 2021, 76 min)

Mostra Bright Future

 


               Os primeiros minutos de Stand by me passam a impressão de que se trata de um romance convencional, sobre o relacionamento em crise de um jovem casal. Por meio de pequenas situações do cotidiano (um passeio de carro, uma visita ao novo apartamento), percebemos que há algo fora de sintonia com esse casal.

No entanto, um acontecimento ainda no primeiro terço do filme irá romper com essa falta expectativa: a morte súbita do namorado, por um infarto fulminante. Esse acontecimento inesperado do roteiro, que aponta para esse aspecto fundamental inerente à nossa própria vida, transforma não somente a narrativa do filme mas sobretudo a vida de Kira. Não é apenas a vida sentimental de Kira que vem ruindo: sua insatisfação com seu trabalho com arquiteta é crescente, uma vez que ela não concorda com seus colegas de trabalho sobre os rumos de uma determinada construção, considerada muito comercial por ela. Mas, para sobreviver, Kira parece ter a sensação que é preciso se desumanizar, se manter fria mesmo diante das decepções. Kira praticamente mal reage diante da notícia da morte do namorado, e tenta corromper sexualmente seu chefe para obter suas demandas. Mas Kira logo percebrá que tampouco esse é o caminho.

Assim, Stand by me vai aos poucos revelando-se como um denso estudo de personagem, sobre uma mulher que, sob o assalto de inúmeras pressões pessoais e profissionais, está à beira de um ataque de nervos, sob o abalo de uma enorme crise emocional. Ela oscila entre se manter indiferente e reagir de forma impetuosa e raivosa. O desafio para essa personagem é manter-se em condições de amar.

Na parte final do filme, Kira se muda para a casa de sua mãe, onde percebemos que perdura um conjunto de ressentimentos entre ambas as partes. O seio materno não lhe dá o abrigo necessário, mas, ao mesmo tempo, esse acerto de contas é necessário para que Kira possa restabelecer seu equilíbrio e caminhar por conta própria.

O filme de estreia da realizadora russa Tamara Dondurey é bastante seguro ao retratar a crise emocional de uma arquiteta russa atormentada, com um grande estudo psicológico de personagem, com uma grande atuação da atriz protagonista Katya Ermishina, sinalizando para uma perspectiva promissora. A se aguardar os seus próximos filmes.

 

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