Our Daily Bread

O pão nosso de cada dia

De King Vidor

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Bem estranho esse filme de Vidor, um dos mais famosos de seus filmes antes dos anos quarenta, mas que no fundo também não se revela de primeira linha, mas que ainda assim possui pontos bem interessantes. O primeiro é a total integração de Vidor à narrativa do cinema sonoro, ainda que já estejamos em 1934. O segundo, é claro (vamos direto ao assunto) é seu enredo: um filme claramente comunista, quase de propaganda comunista. Parece um filme russo. Um casal desiste de procurar emprego na cidade grande, e vai morar no campo, tentando reerguer uma fazenda, até que o marido tem uma idéia: recrutar desempregados da região e montar uma espécie de cooperativa, dividindo o trabalho e os lucros, para que todos possam crescer juntos. Sua crítica ao modo de vida capitalista da grande cidade e seu enfoque ruralista estão longe de ter um sentido nostálgico de resgate à terra, ou ainda idílico em relação a esse espaço físico. Não há tempo de romantismo ou coisa do tipo em Our Daily Bread: esse é um filme extremamente objetivo, como são as ações de seus protagonistas. O lema de “juntos somamos forças” é extremamente subversivo, ainda mais em pleno período do entre-guerras: é quase um filme de propaganda. No meio do filme, a entrada de uma femme fatale que tenta separar o casal colocando na cabeça do marido fracassos e vaidade nos lembra do entrecho de Aurora, e aí o filme cai: ele é forte quando mergulha no aspecto de propaganda. É um filme simples, mas ter sido feito no cinema hollywoodiano traz seu interesse para ele. A decupagem de Vidor é funcional, especialmente na chagada da família ao campo e no apoteótico final, com uma montagem sugestiva, de suspense crescente, em relação à chegada da água. Nada demais, mas uma boa curiosidade.

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