(FESTRIO 15) YO

eu

de Rafa Cortés

Espaço 2 qua

* ½

 

Exibido na Semana da Crítica em Cannes 2007, por uma escolha da FIPERSCI, já tendo sido laureado no Festival de Rotterdam, a tão elogiada estréia no longa-metragem do diretor espanhol Rafa Cortés ficou aquém da expectativa. Não que seja um mau filme, mas o fato é que não trata seu principal tema (a questão da identidade) com uma abordagem inovadora, seja no desenvolvimento do roteiro ou da mise-em-scene.

 

Um alemão chega a um vilarejo de Mallorca para trabalhar como empregado numa mansão, e descobre que possui o mesmo nome do antigo empregado, que se meteu em algumas confusões. Quais são exatamente não sabemos, ou melhor, sabemos através de estilhaços dessa narrativa, aos poucos. Esse personagem-sombra na verdade é o protagonista do filme. O novo Hans – calado, introvertido, passivo – vive à sombra desse outro, simplesmente esperando a vida passar.

 

O ritmo lento, contemplativo escolhido por Rafa Cortés e sua escolha por um roteiro que nos dê pistas fazem de yo quase um thriller, mas no fundo segue a norma de um cinema narrativo mais convencional. Ainda que não nos dê respostas, faz o espectador procurar por elas, como se elas fossem importantes, mais do que ignorá-las desde o princípio, como o faz o bom cinema contemporâneo. Com isso, o filme acaba ficando a meio do caminho de uma investigação aguda sobre a troca de identidade (um filme como O Passageiro, de Antonioni, já tratou do tema de forma muito mais intensa há décadas atrás...) e dessa confusão sobre si mesmo, como o próprio título nos promete. Pequenas conquistas, em termos de tempo, decupagem e climas acontecem no filme, mas no fundo pouco para dizer que Cortés é uma promessa. A se destacar, o belo início (um labirinto visual que cria a expectativa de um lugar novo e anuncia o tema básico do filme) e a atuação sóbria e concisa de Álex Brendemühl (que tbem é co-roteirista junto com Cortés).

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