(FESTRIO 13) Mogari no Mori

(FESTRIO 12)

Floresta dos Lamentos

De Naomi Kawase

Espaço 2 sab 14:30

***

 

É difícil escrever algo sobre Floresta dos Lamentos, de Naomi Kawase. Quero revê-lo. Talvez devido à minha expectativa, que era muito grande, já que sou um apaixonado pelos outros dois filmes da diretora: Suzaku e Shara. Em Floresta dos Lamentos, há muito dos filmes anteriores: integração homem-natureza, natureza cíclica do rumo das coisas, a importância da família, o conflito (conflito?) de gerações, morte e vida, e tudo isso através de um cinema sensorial, de câmera livre e atento aos pequenos detalhes. É lindo pensar os filmes de ficção de Kawase junto a seus documentários, e esse olhar da documentarista invade em cheio o filme. Ao mesmo tempo tem cenas que nos dão um aperto, como as da correria entre Machiko e Shigeki, porque pensamos no destino dos irmãos de Shara, e tudo o mais. Tem a plasticidade da perseguição nos arbustos e tem também a bela cena da melancia. Tem um trabalho de entrega muito grande do ator que faz o papel do velho (descubro surpreendentemente que é o seu primeiro papel no cinema). E a menina (Machiko Ono) fez simplesmente Suzaku e Eureka.

 

Tem também um punhado de cosias diferentes. Desta vez, Kawase toma um passo corajoso: ela sai de dentro da casa e entra para dentro da floresta. É isso: seu filme é sobre isso, sobre a possibilidade de entrar fundo nesta floresta, enfrentar seus medos, superar antigos dilemas. Com isso, lembramos de Mal dos Trópicos, lembramos também do fantástico A Floresta Sem Nome, e por aí vai. Mas Kawase vai trabalhar com seu cinema à flor da pele, nítido numa cena à noite na fogueira e numa catarse à beira de uma pequena cachoeira, embaixo de grande chuva. Água, fogo: a natureza fala muito neste filme, e imaginamos as condições de filmagem que a diretora teve que enfrentar.

 

Mas ainda não estou preparado para esse salto corajoso, eu quero um teto mais seguro embaixo do qual eu possa me abrigar. Sou mais conservador: o cinema de Kawase que me interessa é mais no interior daquela escola do que na floresta. É esse cinema da Kawase que eu aprendi a levar comigo. De qualquer forma, em 10 anos, de Suzaku a Mogari no mori há um percurso de amadurecimento. Que decerto ainda vai chegar muito mais longe.

 

Comentários

Paula Ilha disse…
Olá,

Gostaria muito de assitir a esse filme mas não o encontro.
Você teria alguma informação sobre onde encontrá-lo?
Obrigada,

Paula

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