Reflexões sobre os novos tempos

Entre as atribuições do meu trabalho do dia-a-dia (i.e do meu ganha-pão), eu acabo cruzando com informações sobre as transformações teconológicas que estão na pauta do momento, a WEB 2.0, as novas plataformas, os conteúdos para celular, os possíveis impactos da TV digital, Wi-Max, IPTV, e todas essas outras sopas de letrinha. Muito se fala desse cenário de convergência digital, de inteligência criativa, da progressiva flexibilidade com que o consumidor (palavra do momento) acessa a informação e diferentes conteúdos, e de uma crescente interatividade. Nesse cenário, entram em crise os meios tradicionais de acesso ao conteúdo, as “mídias estáticas”, sem flexibilidade e sem interatividade, leia-se (para o que nos interessa aqui) cinema, homevideo e TV.

 

Mas dentro desse cenário de euforia, de novas formas de acessar, produzir e disponibilizar conteúdo, o que as pessoas têm a dizer sobre o mundo, sobre as coisas? A pulverização da produção acaba se associando a uma produção e um consumo fast food (que na verdade é uma junk food). Se abrirmos um YouTube da vida durante trinta minutos, veremos que os conetúdos mais acessados são os dos pequenos filmetes absolutamente fúteis e descartáveis.

 

Há quem afirme também que as novas plataformas permitirão o desenvolvimento de certos nichos, e a produção mais sofisticadas também encontrará seu espaço de escoamento (assim como há o Youtube há por outro lado o ubu; o que realmente é acessado no emule são os filmes pornôs, mas quem procura os filmes mudos do Ozu também vai encnotrá-los lá).

 

É a visão do indivíduo pós-moderno, entre a euforia de ser o que se quer numa sala de bate-papo e acessar informações de diferentes formas e a depressão de não saber o que escolher e se ver como apenas um bit no meio de transações virtuais extremamente fugazes e superficiais.

 

Como o cinema tradicional pode se posicionar em relação a isso? Consolidando suas marcas, numa tentativa de minimização do risco (ou seja, tentando adiar o inevitável), com os grandes blockbusters da vida, ou se aproximando cada vez mais dos games e da realidade virtual.

 

Por outro lado, ainda há um cinema que permanecerá cada vez mais à margem da margem: esses filmes de um certo cinema autoral que transformaram minha vida e que são em geral objeto desse site. Uma saída será a simbiose desse cinema com as artes plásticas: Apichatpong, Claire Denis, etc. Um cinema “jovem” que aponta para novas possibilidades de interação com um espaço outro que não seja necessariamente a sala de cinema e que possa se adaptar a uma forma de projeção que não seja necessariamente linear.

 

Os outros filmes tendem a ter problemas, tendem a ser vistos como “filmes antigos”. O problema é que são esses os filmes que me mantêm vivo e são esses os filmes que sonho um dia poder fazer.

 

Comentários

André Renato disse…
Também fiquei decepcionado com "Os Doze Trabalhos". O incrível é que pouca (pouquíssima) gente escreveu mostrando os defeitos desse filme. A maioria das críticas foram uma babação de ovo inacreditável!

Tb fiz um texto sobre "Os Doze Trabalhos". Está no meu blog:
www.sombras-eletricas.blogspot.com

Um abraço!

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