mINHA VIAGEM À fORTALEZA (3)

Rosetta é uma grande porrada, um dos enormes filmes do cinema contemporâneo,
e graças a Deus que o Cronemberg teve a coragem de descobrir esse filme em
Cannes e dar a projeção para o cinema dos irmãos Dardenne porque eles são
foda.
Outro filme sobre o desemprego mas aqui é "bem vindos ao cinema
contemporâneo", não tem discurso de vitimização e a representação não é mais
ingênua, aqui é muito mais complexo tanto o papel da representação quanto a
natureza (psicológica) de quem é essa menina.
Quem é essa menina? O filme é um grande mergulho nessa menina, mas ao final
ela continua enigmática, indecifrável, porque tem atitudes contraditórias,
não sabe o que quer, é confusa, não nos é linear. A linguagem tbem não é
ingênua, uma articulação madura e ambígua entre os limites do documentário e
da ficção, com uma camera asfixiante que nos dá uma enorme sentido de
urgência a esta história.
E um filme cruel mas profundamente humano e sensível, porque todo o filme é
um percurso para uma possibilidade de Rosetta finalmente se abrir ao mundo,
porque fechar-se diante de tudo não é saída de nada, a solidão total só
piora as coisas. E ao final parace que há uma certa esperança, parece que
pela primeira vez houve a possibilidade de aquela menina vislumbrar que o
mundo pode ser outra coisa se tivermos a coragem de nos abrir para o que der
ou vier.
Bonito isso, uma via-crúcis para uma possibilidade ainda que pequena de
redenção.
Ah e Rosette é o mouchette do cinema contemporaneo, com varios paralelos.

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