O Labirinto do Fauno

O Labirinto do Fauno

De Guillermo del Toro

Odeon qui 8

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Se na campanha presidencial, Cristóvam Buarque disse que o caminho para a revolução é o da educação, Guillermo del Toro responderia que o caminho é a fantasia. O Labirinto do Fauno é assim: um filme estranho, maldito mas ao mesmo tempo ambicioso, grande, de perfeito acabamento. O que poderia parecer um filme infantil, um conto de fadas (uma História Sem Fim) acaba se tornando um filme de guerra, um filme sobre a revolução espanhola, sobre a queda da ditadura franquista. Lindo filme. Um filme sobre a necessidade de resistência, sobre a necessidade de sobreviver junto ao lado perverso do mundo, sobre a possibilidade da fantasia e da invenção num mundo desumano, sobre a possibilidade da subversão a partir do poder de fabular. Um filme delicado sobre uma menina que descobre a si mesma entre uma realidade pervertida. Mas é preciso lutar. O que é impressionante em O Labirinto do Fauno é que é um filme sobre a revolução, sobre a resistência, e ao mesmo tempo é um filme infantil. Claro! E daí pensamos nas baboseiras do “olhar da criança” no meio de uma realidade doentia ou de guerra (alguém lembrou de O Ano que Meus Pais Saíram de Férias?). Del Toro não quer negar a crueza do nosso mundo mas ao mesmo tempo apontar uma possibilidade para a inocência. E que isso é possível e não é sinônimo de alienação. De Toro filma de forma mágica, delicada, com um grande carinho por esse universo do cinema fantástico com nuances muito bem articuladas de ritmo. Um belo filme. Depois tento escrever com mais calma.

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