Felicidades Palestina é um filme bonito. Ontem foi a segunda vez que o vi e cada vez mais o filme fica comigo. É o registro de uma festa de aniversário de uma velhinha que completa 69 anos. É um filme caseiro, quase à moda de Jonas Mekas, só que sem o ritmo acelerado e a fugacidade do instante. É um filme muito simples, mas um registro humano, uma mostra das pequenas possibilidades do cinema, ou seja, é tudo o que o cinema pode ser. Penso que o maior mérito, além do diretor Alexandre Milagres, e da própria vovó Palestina, é do Dellani Lima,
que, ao ser pedido para selecionar cerca de 10 curtas que pudessem mostrar sua visão de mundo e sua visão de cinema, escolheu esse trabalho. Os preparativos para a festa, os convidados chegando, as pessoas dançando uma valsa, o bolo de aniversário e os parabens. Parabens Palestina!

Não tenho um conceito formado sobre Brutalmente as superfícies, novo trabalho do Cesar Migliorin. Resta dizer que ele continua seu tom provocador e irreverente, aquele seu típico cinismo, mas aqui sem aquela articulação do discurso, aquela objetividade também tão cara ao seu trabalho. Brutalmente é um filme sobre as aparências da linguagem, um falso filme, um falso discurso, que, como os trabalhos anteriores, esconde uma verdade, oculta mais do que diz, por meio das superfícies, dos cacoetes e das supostas piadinhas que distraem as pessoas dos verdadeiros objetivos de Migliorin. Mas ainda prefiro os outros.

Gostei do Maso.BR, novo trabalho do Pedro Lobito nas oficinas do Recine. A idéia, provocativa, não é muito original: hino do Brasil ao fundo e imagens de arquivo da putaria que é esse nosso país. Faltou alguma articulação de ritmo com a montagem que pontuasse as passagens do hino e criasse uma espécie de clímax ao final. Mas a ousadia crítica, a irreverência, a seleção das imagens de arquivo, fazem desse trabalho um nível acima das irreverências do cinema alternativo carioca, cada vez pior.

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