(FestRio) Nina

NINA
de Heitor Dahlia
Brasil, 2004
Odeon qua 12hs
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O tão aguardado Nina, do estreante Heitor Dahlia, começa com uma cartela do tipo: "Existem dois tipos de seres humanos: o primeiro é de ordinários, ou seja, pessoas que nasceram para serem mandadas, que fazem com que as coisas continuem exatamente como são; o segundo é de passoas extraordinárias, que são pessoas que desafiam os limites, pessoas criativas, que transformam o rumo das coisas.... mesmo que para isso precisem cometer um crime". Dado isso, então EU diria: "PELAMORDIDEUS, ME GARANTA UMA VAGA NO GRUPO DOS ORDINÁRIOS!!!!!!". E é exatamente isso que ressoou na minha cabeça e se confirmou em toda a projeção de Nina: eu quero desesperamente uma proposta de cinema ordinária, estou farto dos supostos extraordinários.

Nina é uma adaptação de Crime e Castigo de Dostoievsky. Ou pelo menos pretende ser. Tudo bem que nenhuma daptação precisa ser fiel, mas é triste o pleno desconhecimento da direção do que está em jogo para D: em especial o postulado ético, a preparação, o trabalho físico-corporal do assassinato em si, o conflito psicológico. Nina é amadorístico, e o mais triste é que o diretor teve todas as melhoers condições para realizar o trabalho que quis: se fez um filme muito ruim, foi por suas próprias insuficiências. Triste, e difícil até comentar as várias escolhas catastróficas: o cinemascope totalmente injustificado, já que o filme é quase todo em interiores; a dierção de atores impostada, em que até Miriam Pires está careteira; a terrível dificuldade do roteiro em conferir uma dramaturgia ao filme, em dizer algo do que seja aquela personagem (ainda que ela não seja nem boa nem má, o que é até louvável, é perciso ter dramaturgia, motivação, preparação, etc). Esse desconhecimento básico da dramaturgia se reflete em situações absolutamente precárias e mal desenvolvidas. Ainda, é um filme jovem, e faltou uma leveza, uma câmera na mão, sei lá, que refletisse isso: a produção nível "A" oprimiu o filme, e lhe causou um grande mal. O assassinato é catastrófico; a solução final em que a menina talvez não tenha matado a velha, que morreu de ataque cardíaco, e que a menina ficou louca é deprimente. Fraquíssimo. Guta Strasser está muito mal, careteira, careteira, sem dar nenhum dimensão humana ou ambígua ao personagem. Por aí vai... chega...

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