O Retorno

O RETORNO
de Andrei Zvyagintsev, Rússia, 2003 (tive que pegar o jornal pra escrever o nome desse cara...)
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Às vezes fico com vontade de tirar férias só pra poder ir num cinema bom como o Espaço Unibanco numa terça 13:20 da tarde (ai como a vida pode ser boa). Melhor seria se o filme fosse bom. O tema me interessa em muito: criancinhas traumatizadas com a infância; tempo. Só que a dramaturgia de O Retorno é meio tosquinha. Os diálogos entre pai e filho me incomodaram; a atuação do garoto menor oscila muito entre o contido e o explosivo; o pai também. Ou seja, o filme não tem uma coerência sobre o olhar que se articula entre esse filho e o pai (o outro garoto não tem nenhuma essência, é mero orelha), e daí o filme perde muito da sua força. e o filme vai caindo, caindo, até despencar (o termo não foi usado à toa...rs) completamente no final, levando tudo consigo.

E daí que no final, mais que frsutração, fica uma irritação mesmo, pq o diretor perdeu boa oportunidade de fazer um filme realmente bom, e ele o faria se fizesse MENOS ao invés de mais. Isso pq em muitas horas o diretor quer reforçar, ratificar o que já foi mostrado, seja num diálogo, seja num plano, seja num recurso de linguagem (música, som, participação da natureza - i.e precisa chover tanto? etc), ao invés de preferir a contenção, o silêncio. exemplo máximo disso é no momento da ponto que o garoto fica sozinho na chuva e o pai chega de carro. A cena do castigo poderia virar a de Fanny & Alexander, magistral, mas se torna "lavagem de roupa suja" pq o garoto do nada, ao invés de ficar calado chorando começa a questionar o pai "pq vc voltou apos todos esses anos? para nos humilhar?" que na verdade é recurso de novela disfarçado. a gente SUSSURA no cinema: "não, não,.... não precisava!"....

É filme de estreante, e tecnicamente é impecável. As locações deslumbrantes são incorporadas de forma criativa: o ambiente é personagem direto do filme, a natureza é protagonista do filme. Gruas em lugares muito difíceis, fotografia e especialmente ^CÂMERA impecáveis. Muito bom como artesanato, só faltou a dramaturgia..rs
Ah, e como estreante o Zvyaww-sei-lá até que mostra talento com o tratamento do tempo, o corte, etc, mas não chega a tornar o filme bom. ao contrário.

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