Verdes Anos

Verdes Anos
de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil
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Eu não sou nada fã de Tolerância (embora uma das minhas grandes culpas é o texto infantil que escrevi sobre o filme...), mas talvez até por isso o impacto deste Verdes Anos foi grande... belo filme. Primeiro, por ser um projeto íntimo das propostas da Casa de Cinema: o cinema adolescente, as referências a um cinema americano, o humor fácil, os personagens que se descobrem, as referências, etc. Mas Verdes Anos tem um quê de American Graffitti por centrar na tal transformação para o mundo adulto, no ano de conclusão da escola. Tem um fundo (ainda que discreto) desse período de reabertura política, e de um passado que não se pode falar muito (o professor de esquerda e sua repercussões no filho, a professora refugiada, etc.). As referências a Era uma vez um verão tornam-se ainda melhores vistas de hoje, pós filme do Jorge Furtado. Os atores estão bem, o filme não envelheceu tanto quanto o Me Beija. A decupagem é simples, mas a dramaturgia funciona redonda, o roteiro bem amarrado, montagem segura. Tem uma coisa a mais que a política, o lance do conservadorismo dos costumes do interior, o machismo, etc. Um mosaico de personagens, mas cada qual bastante desenvolvido, com questões próprias (não tem o mero orelha, etc). Certamente o final (W. Schunemann preso com a garota, o lance da prisão, etc.) reforça esse fundo um tanto político, e coloca um final reticente muito adequado, como um tímido apelo a reconstrução de um país e de uma nova geração. Muito bonito, muito coerente o filme.

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