Ato Final

Ato Final
De Jerzy Skolimowski
VHS (gravado telecine), seg 1 18hs
** ½

Primeiro filme que vejo do polonês Skolimowski, e uau foi um impacto ver esse filme “saudavelmente irresponsável”, que vê o cinema como uma grande aventura, como uma grande brincadeira, e ao mesmo tempo subverte várias regras do “bom cinema” para fazer um trabalho de composição muito livre e muito sincero, com muito sentimento. Ás vezes até energia demais e organização de menos, o que não raras vezes compromete o trabalho, mas isso também é legal e faz parte desse tipo de cinema. A forma de filmar é muito livre, uma câmera documental, os atores soltos, grandes reviravoltas de roteiro, saídas muito originais, que me lembrou um pouco as maluquices do Suzuki mas com a diferença que o Skolimowski é polonês, então tem todo esse tom de auto-crítica um tanto sarcástica, os corredores escuros etc.

Um garoto tem o seu primeiro emprego num banho público e fica fascinado-obcecado por uma atendente do local, quase um fetiche sexual para ele. Pela sinopse, o filme poderia ser Kes ou então Banhos (aquele filme oriental, meio ruim até), mas não é uma coisa nem outra, apesar de ser os dois: não é nem o drama sobre a crise do menininho nem sobre a crise de uma instituição. Porque o filme não quer se lamentar de nada, ele está muito ocupado para pensar em mais coisas, ele quer se empenhar em viver essa aventura de ser desse adolescente, e ele tem muita coisa para fazer (leia-se pensar como pode conquistar a menina). É um filme que vive de forma muito intensa a vida de um adolescente, e Skolimowski consegue fazer um filme realmente adolescente, sem os estereótipos desse tipo de produção, e isso me encantou muito. Comer vários hot dogs porque não se tem nada melhor para fazer, arrancar e rir de um cartaz com um homem grávido, bolar um método esquisitíssimo para achar uma jóia perdida na neve (o que Skolimowski deve ter tomado para conseguir fazer esse roteiro???!!!). Lá pelo meio cai um pouco porque achamos que o menino tem que desistir dessa garota um tanto chata que o provoca, mas essa insistência impensável é o mote do filme, porque não devemos desistir dos nossos desejos mesmo que eles nos pareçam um tanto impensáveis ou irracionais. E é nesse desejo por um cinema irresponsável e irreverente que o polonês Skolimowski faz um filme longe de seu país natal (é feita na Inglaterra) mas ainda assim divertido, humano, poético, sensível, carinhoso com seu patético e desastrado personagem.

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