Achados e Perdidos

Achados e Perdidos
De José Joffily
Palácio 1 qua 18:40
* ½

É sempre um prazer assistir a um filme no cinema Palácio, ainda mais na sala 1, que nunca consegue ficar cheia e a gente vê um filme com tranqüilidade, tentando resgatar um espírito de como deveria ser ver um filme na época áurea do cinema. Achados e Perdidos, filme de Joffily com roteiro de Paulo Halm, se alinha à filmografia do diretor: um olhar curioso pelas regras implícitas de um submundo (Quem Matou Pixote, Dois Perdidos...) mas que não quer subverter as convenções de olhar para esse universo mas simplesmente “contar uma boa história”. Daí já se pode ver os pontos a favor e contra esse trabalho, uma espécie de revisitação de um universo noir e passeio por um cinema de gênero. Uma espécie de filme médio que o cinema brasileiro tanto precisaria produzir mais para ser de fato uma indústria, mas que pelas distorções do nosso cinema vai acabar sendo um filme miúra quando na verdade tem toda a vocação para ser um filme médio (isto é poderia fazer tranqüilamente uns 200 mil espectadores, quando corre o risco de fazer nem 20% desse total). Um filme correto, bem executado, com boas atuações. Nada que comprometa nem nada que empolgue ao cinéfilo mais exigente. Um filme brasileiro sem grandes pretensões e ao mesmo tempo sem querer carregar o peso ou a responsabilidade de ter que ser “o filme da vez”. Com isso, claramente cumpre o seu papel dentro de uma cinematografia, e acaba sendo superior a seus Dois Perdidos (as maiores possibilidades de produção deste nitidamente ajudam). Alguns truques de roteiro às vezes me incomodam um pouco, mas não deixam de fazer parte das convenções do gênero; a fotografia e montagem estão sóbrias e seguras. Com a cabeça (e dado o meu trabalho) acho um filme correto que cumpre o seu papel, mas como realizador, como busco um filme que realmente se arrisque, e que seja um mergulho de cabeça numa piscina sem água, que seja um ato de confissão, de amor e de fé, o filme me agrada menos, porque isso passa meio longe do que o diretor busca para seu cinema.

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