Rosebud

"- Pra quê? Pra que você foi querer mexer nisso? Pra quê?
- Rose...bud..."

“Então examinei todas as obras que havia feito e o trabalho que elas tinham custado para mim. E concluí que tudo é fugaz, e uma corrida atrás do vento, e que não há nada de permanente debaixo do sol.”
Eclesiastes 2,11 (cartela de abertura de O Posto)

* * *

Relendo os gentis textos que o Rodrigo Pontini escreveu sobre meus vídeos caseiros, tive a consciência de que um dos principais temas dos meus trabalhos é fazer uma avaliação austera do vazio que resulta de uma grande ação. É uma grande interrogação sobre a pergunta “pra quê se faz alguma coisa?”, porque ao final, ainda que se tenha êxito, é como se desse na mesma. É a cama vazia e as contas para pagar após a volta da viagem no Desertum; é a casa aprisionada na tela do computador do final de Em Casa; é o artista voltando para dormir em Cinediário; é o olhar no espelho após o banho do Auto-retrato; é até mesmo a quadra vazia e o dia seguinte após a apoteose da vitória de Tesouro do Samba.

Pra que então? Pra que se faz um filme, pra que se luta por alguma coisa, pra que se continua vivendo? Não sei. Talvez a melhor resposta tenha sido a do viajante de O Posto: “- Rosebud!”

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