MFL: Nascente
NASCENTE, de Helvécio Marins Jr.
Não sou eu quem me navega, ...
Através do Rio São Francisco, o filme é uma viagem poética por um Brasil interior (um Brasil verdadeiramente interior, e não o interior de Dois Filhos de Francisco, evidentemente). Nesse percurso cabe todo o cinema brasileiro: está lá o interior dos filmes de Candeias, a frágil canoa de Limite, o sertão-mar de Deus e o Diabo, está lá o mar revolto de alguns dos filmes do Bressane. Está lá o cinema brasileiro, puro e desvirginado, poluído e prostituído. Está lá pulsando discretamente todo um Brasil, um Brasil interior que percorre vários estados, de Minas a Bahia, mas sem nenhum "panfletarismo regionalista" que tanto tem assolado nosso cinema. Há também todo um cinema poético mineiro, todo um percurso de um certo cinema que se vem buscando, pelos membros da Teia, pela jovem vanguarda mineira. Está lá também um percurso individual, um percurso pessoal: não só do próprio personagem que navega o barco, mas deste autor que guia os rumos do barco-filme. Está lá também uma investigação humilde sobre a natureza (não só das coisas como da condição humana), sobre a solidão, sobre o destino, sobre a vida nossa. Está lá um sentimento de cinema que se articula de forma muito íntima com um sentimento de mundo.
Esse rumo - poluído e puro, individual e coletivo, real e cinematográfico, poético e realista, ficcional e documental - também me fez colocar uma questão: é o homem que conduz o barco, ou o barco que é levado pela correnteza? Para sabê-lo, decerto que se deve fazer mais outro filme. Quiçá outros.
Não sou eu quem me navega, ...
Através do Rio São Francisco, o filme é uma viagem poética por um Brasil interior (um Brasil verdadeiramente interior, e não o interior de Dois Filhos de Francisco, evidentemente). Nesse percurso cabe todo o cinema brasileiro: está lá o interior dos filmes de Candeias, a frágil canoa de Limite, o sertão-mar de Deus e o Diabo, está lá o mar revolto de alguns dos filmes do Bressane. Está lá o cinema brasileiro, puro e desvirginado, poluído e prostituído. Está lá pulsando discretamente todo um Brasil, um Brasil interior que percorre vários estados, de Minas a Bahia, mas sem nenhum "panfletarismo regionalista" que tanto tem assolado nosso cinema. Há também todo um cinema poético mineiro, todo um percurso de um certo cinema que se vem buscando, pelos membros da Teia, pela jovem vanguarda mineira. Está lá também um percurso individual, um percurso pessoal: não só do próprio personagem que navega o barco, mas deste autor que guia os rumos do barco-filme. Está lá também uma investigação humilde sobre a natureza (não só das coisas como da condição humana), sobre a solidão, sobre o destino, sobre a vida nossa. Está lá um sentimento de cinema que se articula de forma muito íntima com um sentimento de mundo.
Esse rumo - poluído e puro, individual e coletivo, real e cinematográfico, poético e realista, ficcional e documental - também me fez colocar uma questão: é o homem que conduz o barco, ou o barco que é levado pela correnteza? Para sabê-lo, decerto que se deve fazer mais outro filme. Quiçá outros.
Comentários