ABISMO

ABISMO (MiniDV, 20´)

Mais um vídeo esquisito pronto, com data de estréia para 4 de novembro (sexta) no Ateliê da Imagem, na Urca, às 20hs (todos estão convidados...). Todo feito de improviso, todo feito por mim (da câmera ao ator), um plano seqüência de 20´ com a câmera parada, num primeiro trabalho com o enquadramento 16x9. Acho que esse trabalho veio de duas fontes: de um lado, as conversas com o André Scucato (sobre o desnudamento) e com o Rosemberg (sobre a necessidade de trabalhar com o ator); de outro, a leitura do livro do Bresson (sobre o uso de modelos e não de atores, sobre a necessidade do improviso sobre passos marcados, sobre a verdade no cinema). ABISMO é uma linha em continuidade com o Auto-Retrato do Artista Durante a Gestação, tanto que o intitulo “um auto-retrato de”. Um trabalho que surgiu do fato de que meu cabelo estava muito grande, e de que isto poderia significar algo. Ao mesmo tempo, apesar da simplicidade, foi um exercício cujo resultado me agradou muitíssimo. Creio que fiquei surpreendido, já que o filme foi TODO feito no improviso. Liguei a câmera e não tinha a menor idéia no que iria dar. E deu nisso. Um trabalho diferente, mas em continuidade com todos os temas de sempre (a solidão, a casa, o “cinema do eu”, o tom religioso, a incomunicabilidade, o sentido de crise, a rotina, o cinema oriental, o desespero mudo, o desnudamento, a revelação de uma brutal intimidade através de um cinema austero e materialista). E é isso, um trabalho sobre o desnudamento, agora num sentido muito mais cinematográfico e muito mais ambíguo que o razoável Canção de Amor. Um trabalho intenso e surpreendente, e que para mim abriu muitas perspectivas.

ABISMO também me fez pensar sobre meus vídeos em geral. Esses exercícios na verdade mostram como eu gostaria de me revelar para o mundo no dia-a-dia, se não fossem as pessoas, as coisas, a nossa necessidade de auto-defesa, nossos preconceitos. Ou seja, como eu gostaria de me inserir no mundo se não houvesse as máscaras. E esse trabalho avança em várias medidas em relação a isso, em relação à possibilidade de pelo menos no cinema buscarmos um pouco mais de verdade em relação a nós mesmos.

ABISMO é o avesso que confirma o seu oposto, uma espécie de preparação para os vídeos que penso em fazer a seguir: trabalhos extremamente discursivos, sobre a palavra e a oralidade no cinema.

Comentários

Anônimo disse…
estarei lá com certeza. estou curioso pra caralho.
abs.
ricardo
Anônimo disse…
também estou bastante curiosa.
vou tentar te convencer a passá-lo antes pra mim...

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