O corpo em A Vila

Uma coisa que me deixou bolado, que aproxima o cinema de Shyamalan em A Vila de um cinema oriental é como o filme trabalha a questão corporal, ou melhor, do contato corporal como forma de expressar os sentimentos. Já tinha falado isso em texto anterior desse blog sobre como isso é trabalhado no cinema oriental, via os filmes do último festival do rio. Shyamalan, dentro do cinema americano, avança nessa questão, e não é à-toa que ele utiliza uma cega, em que a questão de uma reavaliação dos sentidos se dá de uma outra natureza, e o papel do tato pode assumir nitidamente um outro significado.

A primeira vez quando se vê isso é no “resgate” do Joaquim Phoenix à cega. O contato entre as mãos assume um outro significado além do natural (dar as mãos), aqui o que está em jogo é a questão do “guia”, de conduzir por um caminho, o que tbem irá ser reavaliado no próprio caminho de travessia da floresta pela cega. Tem tbem qdo a cega encontra seu amado morto, etc etc

Mas tudo ganha uma outra conotação numa cena simples mas espetacular, dessas que ficam com a gente. É a cena do casamento em que W. Hurt se recusa a apertar a mão da S. Weaver. Mas se recusa não é porque ele a despreze, mas ao contrário, porque seu amor é tão grande que ele precisa reprimi-lo (ambos são casados, etc). A questão de evitar o contato corporal como forma de expressar os sentimentos atinge um paroxismo porque é através dessa mesma negação que se intensifica esse desejo, que essa intenção se revela evidente. A sabedoria e a simplicidade emocionante com que Shyamalan explora isso é que eu acho típica de um cinema japonês.

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