(FestRio) Meu Irmão

Meu Irmão
de Patrice Chereáu
França, 2003
Est Botafogo 1, Sab 12:00
**

Não foi o momento mais adequado para ver esse curioso filme. Cansado, com uma certa dor de cabeça e indisposição, acabando de acordar, fui presenciar esse filme barra pesada, uma via-crúcis. O filme é um Óleo de Lorenzo melhorado, (talvez a diferença seja que é francês). Isto é, descrição do martírio de um cara com uma doença no sangue (não tem plaquetas) com risco de ter uma séria hemorragia a qualquer momento, então ele vive no hospital, e o acompanha seu irmão mais novo, com quem ele nitidamente tem problemas de relacionamento. O filme é discreto e se concentra basicamente na rotina do doente, suas altas do hospital e seu retorno, com cartelas à medida que passam os meses. Os problemas de relacionamento dos dois irmãos são expostos de forma discreta, mas às vezes alguns clichês: o irmão saudável é gay e abordou o outro irmão na pré-adolescência, os pais são meio doidos, etc. O estilo de Chereau é o cinema narrativo de cunho clássico, com o espectador em geral se identificando com o bondoso irmão saudável e tendo pena do irmão doente. Mas o lance do filme é a via-crúcis; o filme é barra pesada no cotidiano do tratamento: tem uma hora que o doente precisa ter seu corpo raspado por causa do tratamento, e Chereau descritivamente mostra as enfermeiras o raspando... assim é o filme. A vida é dura, e o filme acaba sem conclusões: mais uma alta sugeriria um final um tanto feliz, mas falso, a qualquer momento a bomba pode estourar. Como na vida nossa de cada dia. Assim, Chereau meio que filosofa sobre a fragilidade da existência humana, sobre nossa carência afetiva. Nisso, é muito bonito quando lá quase no fim do filme, os irmãos confessam que gostam muito um do outro. é um filme simples, mas os atoers estão bem, e a dcupagem de Chereau é discreta e sábia. É um bom filme, embora naquele momento eu não estava tão preparado pra tanto sofrimento em vão, tanta dor física. Ás vezes eu me esqueço, por mera distração, de como a vida é vã e dolorosa.

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