Paranoid Park

Paranoid Park
De Gus Van Sant
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Gus Van Sant retratou o universo dos jovens e sua convivência na escola em Elefante, através do massacre da escola em Columbine. Paranoid Park complementa a investigação de Elefante, e confirma a inserção do diretor entre os mais instigantes diretores do cinema contemporâneo da atualidade.

Paranoid Park também fala de jovens cometendo um assassinato e da repercussão para o resto de suas vidas. Também apresenta isso a partir de um cinema com um tempo não-linear e sem mergulhar na psicologia dos personagens. Muito cuidadoso e carinhoso com seu protagonista, Van Sant compõe uma espécie de Crime e Castigo, mas que muitas vezes abandona o suposto plot do assassinato e mergulha no modo de viver desse jovem. O ponto central é sua relação próxima e distante, com vontade e receio, desse parque, e seu desejo de conhecer novas pessoas e ser aceito em um novo ambiente. Temos indícios, rastros, desse universo, em recursos renovados pelo diretor, como o (ab)uso de câmeras lentas e de músicas pop. E, como já é freqüente desde Gerry, longas caminhadas com a câmera – desta vez – nas costas do personagem.

Paranoid Park comprova um caminho de coerência, mas ainda prefiro o Gerry e Last Days. São mais radicais, mais bonitos e mais profundos. E, depois, ainda prefiro o Elefante.

Comentários

Anônimo disse…
pra mim, em gerry e last days o van sant é um aluno nota dez. ele já tinha demonstrado como ele é cdf no psicose. agora, com paranoid park, ele se torna mestre (no sentido de professor). o aluno se formou. é bom, pois ele não precisa mais se ater tanto a certas convenções. eu acho que esse paranoid é um filme mais livre e mais despreocupado (sem deixar de ser profundo), pois ele sabe que ele sabe. me parece que ele está tentando dizer aos americanos como eles devem voltar a se relacionar com o mundo. ou como voltar a entrar em contato consigo mesmo de novo. é um filme sobre assassinato (tem violência como tudo que é produzido naquele país), porém o que interessa ao van sant é outra coisa. é dizer que eles tem que mudar. se olhamos para o rosto do guarda nos trilhos vemos que o seu olhar é um olhar de quem perdoa. achei um dos momentos mais bonitos no cinema recente.
abs.
luiz
juliano disse…
lindo comentário. eu sinto o filme mais assim também. ele deixou as "regras", e isso é muito importante, esteticamente, politicamente, e ainda muito mais falando de jovens. vai parecer meio oportunista-simplista, mas acho que ele fez um filme mais jovem, se deixando. Menos grave mas não menos pungente.
Anônimo disse…
Os filmes de Gus Van Sant sempre tem um impacto muito bacana em mim. Sou apaixonado por Elephant, e também adoro Genio Indomável. Estou mais louco pra ver Paranoid Park do que Last Days. Adoraria ver também Gerry, sua premisa me parece interessante!!!

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