EXPERIÊNCIAS DE TIRADENTES (IV)
Ainda Orangotangos
de Gustavo Spolidoro
Cine-Tenda Tiradentes, seg 21 22hs
0
Ainda Orangotangos é o primeiro longa de Gustavo Spolidoro, conhecido pela realização de curtas ousados, como Velinhas e Outros. Assim como os dois curtas citados, o primeiro longa de Spolidoro parte de um desafio formal: realizar um filme todo em plano-sequência. É um projeto quase em continuidade com Outros: o de fazer um filme estilhaçado em pequenas histórias que se cruzam na geografia física de Porto Alegre, num ritmo jovem de diálogos rápidos e ágeis. No curta, funcionava. No longa, por trás da pirotecnia da realização do plano sem cortes, fica a grande questão: o que há por trás do plano-sequência? No caso de Ainda Orangotangos, a resposta é negativa, vazia como o filme: nada. O tom de superficialidade gratuita do conjunto de contos adaptados para o filme comprova que a intenção do filme é mais coroar “o fetiche do plano-sequência” do que realmente o que o filme tem a dizer. Ou seja, se pensarmos porque foi escolhido o plano-sequência para contar essa história em particular, ficamos com essa frustração: o grande périplo do cinema do Spolidoro é a da estripulia gratuita, que com quinze minutos de filme acaba cansando, pois não vem aliada a nenhuma idéia de dramaturgia.
Se algo de dramaturgia pode ser pensado ao filme, é uma visão da juventude sulista, uma visão niilista e frágil. As relações ao longo da cidade entre as pessoas prezam pela inconstância, pela agressão e pela violência. É como se fosse impossível para as pessoas formarem amizades ou construírem uma relação que não seja transitória ou negativa. Mas sempre com um tom caricato e com diálogos e situações fúteis. Dessa agressividade, surge um final que cativa o público, um final falsamente libertário, mas que coroa a gratuidade e a superficialidade despretensiosa do projeto de Spolidoro.
de Gustavo Spolidoro
Cine-Tenda Tiradentes, seg 21 22hs
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Ainda Orangotangos é o primeiro longa de Gustavo Spolidoro, conhecido pela realização de curtas ousados, como Velinhas e Outros. Assim como os dois curtas citados, o primeiro longa de Spolidoro parte de um desafio formal: realizar um filme todo em plano-sequência. É um projeto quase em continuidade com Outros: o de fazer um filme estilhaçado em pequenas histórias que se cruzam na geografia física de Porto Alegre, num ritmo jovem de diálogos rápidos e ágeis. No curta, funcionava. No longa, por trás da pirotecnia da realização do plano sem cortes, fica a grande questão: o que há por trás do plano-sequência? No caso de Ainda Orangotangos, a resposta é negativa, vazia como o filme: nada. O tom de superficialidade gratuita do conjunto de contos adaptados para o filme comprova que a intenção do filme é mais coroar “o fetiche do plano-sequência” do que realmente o que o filme tem a dizer. Ou seja, se pensarmos porque foi escolhido o plano-sequência para contar essa história em particular, ficamos com essa frustração: o grande périplo do cinema do Spolidoro é a da estripulia gratuita, que com quinze minutos de filme acaba cansando, pois não vem aliada a nenhuma idéia de dramaturgia.
Se algo de dramaturgia pode ser pensado ao filme, é uma visão da juventude sulista, uma visão niilista e frágil. As relações ao longo da cidade entre as pessoas prezam pela inconstância, pela agressão e pela violência. É como se fosse impossível para as pessoas formarem amizades ou construírem uma relação que não seja transitória ou negativa. Mas sempre com um tom caricato e com diálogos e situações fúteis. Dessa agressividade, surge um final que cativa o público, um final falsamente libertário, mas que coroa a gratuidade e a superficialidade despretensiosa do projeto de Spolidoro.
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