Zuzu

Zuzu Angel
de Sergio Rezende
Odeon qui 24 18:30
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Vou confessar que eu me surpreendi com o Zuzu. Esperava que fosse pessimo, mas o filme tem alguns meritos, embora modestos.
Sem duvida o filme caba caindo num esquematismo e nas formulas dos "filmes-de-biografia", contando sua historia de maneira, no maximo, correta, isso quando em alguns momentos nao acaba tropecando numa certa dificuldade da transicao entre passado-presente, ou mesmo na mise-en-scene (entradas e saidas do quadro e especialmente abrandar os supostos tempos mortos, o que achei a maior dificuldade da direcao - exemplo: i) Zuzu chega em casa mas nao le a carta imeditamente, o que a camera deve mostrar nesse meio-termo?; ii) Zuzu chega em casa mas nao recebe o telefonema sobre a captura do filho imediatamente, o que a camera deve mostrar nesse meio-termo? etc)

Mas se eh certo que o filme tem esse tom correto, de uma grande producao que nao quer arriscar nada e que nao ha um espaco nem para o mergulho do drama dessa mae nem para o mergulho numa realidade brasileira de forma realmente contundente, eh preciso notar que o filme tem momentos de cinema, simples mas emocionantes.

A primeira meia hora do filme eh pessima, mas na metade final o filme tem belos momentos. Um deles eh a aparicao do Nelson Dantas, ele comendo um prego, nao podendo falar. Outra (para mim a melhor do filme) eh o show com a Elke Maravilha, num boite cantando uma cancao alema. Essa cena tem o clima certo, o tempo certo, embora simples, mas muito funcional. Em seguida ha um corte maravilhoso, e a camera vai para o ceu, faz uma pan para baixo e vemos um belo jardim.

Ha momentos bonitos. Um deles eh quando um correspondente americano almoca com Zuzu. Ele diz a ela que a admira por sua coragem. Ela diz "Eu nao sou corajosa. Quem foi corajoso foi o meu filho". Pode ser meio piegas mas eh bonito isso, como ele encena isso num campo-contracampo enxuto. Tem uma conversa de mae e filho num banco de praca, quando o filho a carrega no colo... essas coisas... Tem tambem o final, com o carro e o acidente, que achei bem funcional, com uma pan mostrando as estrelas. Achei bonito o assassino tentando desligar o radio com a musica do Chico Buarque e nao conseguindo. Simplesmente ele nao conseguiu fazer calar a voz daquele radio, daquela musica.

Coisas simples, mas que fizeram o filme sair do equivoco total de suas propostas. Fez tambem ter a certeza de que o filme nao eh como Olga.
Flavio Bauraqui otimo. Othon Baston de marechal ficou mais esquematico. Patricia Pilar de histerica (como na cena do tribunal) passa do ponto, mas quanto ela esta quieta, esta melhor.

No geral, acima das expectativas mas nao chega a ser recomendavel.

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