É curioso pensar como CARTA DE UM JOVEM SUICIDA, meu último curta, é uma revisitação de DEPOIS DA NOITE, meu primeiro trabalho em vídeo, há quase dez anos atrás. As enormes semelhanças e as brutais diferenças entre um e outro trabalho mostram um caminho de inegável coerência, mas mais do que isso, mostram que, desde meu primeiro videozinho, persigo um caminho extremamente singular, quase obsessivamente. A recepção de DEPOIS DA NOITE não poderia ter sido pior (sua precariedade era evidente, gravado em VHS, editado de vídeo para vídeo, totalmente sem som), mas ainda assim em nem um momento vacilei sobre a sua importância (pelo menos para mim): tinha a convicção do seu papel. E isso – incrivelmente – não era sinal de arrogância, mas, ao contrário, de enorme entusiasmo em poder dar esse passo, ou no que representava esse passo para mim. Não é que eu estava surdo aos comentários (alguns deles me marcaram profundamente, de tal modo que me lembro deles ainda hoje), pois nunca estive surdo a qualquer tipo de comentário, mas é que o filme apontou caminhos para mim mesmo que se tornava impossível retroceder ou ignorar, e o seu produto verdadeiro ainda está por vir (espero). É só que cada vez mais admiro e respeito esse meu primeiro modesto vídeo, e pensar sobre ele sempre, e cada vez mais, me faz descobrir coisas adormecidas sobre o meu processo particular.
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"As I was moving ahead ocasionally I saw very brief glimpses of beauty"
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