Wood & Stock
Wood & Stock
De Otto Guerra
Odeon dom 22 19:45
* ½
É curioso pensarmos que Otto Guerra demorou quase 10 anos para finalizar seu segundo longa de animação (o primeiro foi o pouco visto Rock & Hudson, uma espécie de paródia gay aos westerns americanos), pois este Wood & Stock é na verdade um filme bastante simples, tanto na elaboração do roteiro quanto na própria elaboração gráfica da animação. Sem grandes surpresas ou atropelos, Otto Guerra realiza um falso filme radical, pois no fundo é um filme bem comportado, sem grandes contestações seja para a classe média burguesa seja para os adolescentes que possam cruzar com o filme. É no fundo uma crítica bem comportada e não muito corrosiva. A crítica ao mundo hedonista e a liberdade da vida de Wood & Stock podem nos fazer imaginar que se trata de um filme que reavalia a geração dos anos sessenta de forma nostálgica, exaltando seu estilo libertário contra a caretice do mundo contemporâneo. Mas uma olhada um pouco mais atenta nos faz perceber que Otto Guerra não é tão passadista, e seu projeto não é tão romäntico: ele faz questão de lançar um olhar crítico em relação à passividade desse grupo e à sua incapacidade de adaptação às novas realidades. Isso fica claro no fracasso da apresentação do grupo num concurso. Quando o grupo reage de forma cética à outro grupo que toca música eletrônica, um deles diz que eles estão reagindo da mesma forma como seus pais reagiam à música deles. Ou seja, o “parar no tempo”, a incapacidade de se mover da inércia e alcançar um equilíbrio sustentável, uma alternativa viável, falam não só de um cinema brasileiro mas do próprio Brasil. Esse é o principal mérito do modesto filme de Otto Guerra: olhar o percurso de uma geração com um traço afetuoso mas sem deixar de assinalar o “fim de uma época”, a inxistência da construção de um discurso sustentável e as próprias contradições desse discurso (sexo livre mas desde que não seja com a sua mulher). A simplicidade da produção e algumas derrapadas de roteiro (frases de jargão, quedas de ritmo, estereótipos, personagens que desaparecem ou situações que não se desenvolvem – p ex a mais grave, a dos filhos que trocam de famílias) fazem com que Wood & Stock não correponda à longa expectativa para sua conclusão, ao mesmo tempo que confirma alguns de seus méritos. Por fim, em termos de mercado, corresponde a uma alternativa válida e viável às animações Disney cada vez mais do mesmo.
De Otto Guerra
Odeon dom 22 19:45
* ½
É curioso pensarmos que Otto Guerra demorou quase 10 anos para finalizar seu segundo longa de animação (o primeiro foi o pouco visto Rock & Hudson, uma espécie de paródia gay aos westerns americanos), pois este Wood & Stock é na verdade um filme bastante simples, tanto na elaboração do roteiro quanto na própria elaboração gráfica da animação. Sem grandes surpresas ou atropelos, Otto Guerra realiza um falso filme radical, pois no fundo é um filme bem comportado, sem grandes contestações seja para a classe média burguesa seja para os adolescentes que possam cruzar com o filme. É no fundo uma crítica bem comportada e não muito corrosiva. A crítica ao mundo hedonista e a liberdade da vida de Wood & Stock podem nos fazer imaginar que se trata de um filme que reavalia a geração dos anos sessenta de forma nostálgica, exaltando seu estilo libertário contra a caretice do mundo contemporâneo. Mas uma olhada um pouco mais atenta nos faz perceber que Otto Guerra não é tão passadista, e seu projeto não é tão romäntico: ele faz questão de lançar um olhar crítico em relação à passividade desse grupo e à sua incapacidade de adaptação às novas realidades. Isso fica claro no fracasso da apresentação do grupo num concurso. Quando o grupo reage de forma cética à outro grupo que toca música eletrônica, um deles diz que eles estão reagindo da mesma forma como seus pais reagiam à música deles. Ou seja, o “parar no tempo”, a incapacidade de se mover da inércia e alcançar um equilíbrio sustentável, uma alternativa viável, falam não só de um cinema brasileiro mas do próprio Brasil. Esse é o principal mérito do modesto filme de Otto Guerra: olhar o percurso de uma geração com um traço afetuoso mas sem deixar de assinalar o “fim de uma época”, a inxistência da construção de um discurso sustentável e as próprias contradições desse discurso (sexo livre mas desde que não seja com a sua mulher). A simplicidade da produção e algumas derrapadas de roteiro (frases de jargão, quedas de ritmo, estereótipos, personagens que desaparecem ou situações que não se desenvolvem – p ex a mais grave, a dos filhos que trocam de famílias) fazem com que Wood & Stock não correponda à longa expectativa para sua conclusão, ao mesmo tempo que confirma alguns de seus méritos. Por fim, em termos de mercado, corresponde a uma alternativa válida e viável às animações Disney cada vez mais do mesmo.
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