Quando pensamos em um filme histórico, a primeira palavra que nos vem à cabeça é informação. Nesse tipo de filme, espera-se do espectador uma postura de reflexão, a partir de um conjunto de informações. Uma das grandes conquistas dos “filmes históricos” de Hou Hsiao Hsien é que ele trabalha com a imaginação. Em O Mestre das Marionetes, o espectador reconstrói o período histórico da invasão japonesa em Taiwan através de uma teia complexa, entre o tecido social e a vida de uma família, entre uma abordagem realista do plano e do tempo e uma estilização da encenação, bastante sofisticada, entre o tom documental dos depoimentos de Li Tienlu e a ficção deliberada. Esses entremeios formam teias complexas, em que planos longos de câmera em geral fixa são entrecruzados com grandes elipses, causando muitas vezes uma desorientação perceptiva no espectador, que precisa, o tempo todo, reavaliar sua posição, fazer conexões, preencher as lacunas mas não automaticamente, como no cinema clássico. A forma como HHH articula os fios dessa teia tem muito mais a ver com a arte oriental do que com o cinema clássico ocidental. A isso é que de forma muito canhestra dou o nome de imaginação.
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"As I was moving ahead ocasionally I saw very brief glimpses of beauty"
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