Le Bleu des Origines, um média de Philippe Garrel do final dos anos setenta, em preto e branco, sem som, é um filme perturbador e fascinante. É um filme sobre a fantasmagoria da memória. Uma memória fantasmática, mas presente, realista. É também sobre o espanto de Garrel ao filmar rostos e filmar mulheres, quase como um prolongamento outro do estranhíssimo Les Hautes Solitudes. Há uma certa inocência nesse cinema, um certo diálogo com o cinema dos Irmãos Lumière, uma fascinação com a luz, e com o sentido primeiro de produzir imagens, uma fascinação diante dessas imagens cruas que surgem diante da lente. Um álbum de fotografias antigo, uma câmera antiga que se registra filmando nos ajuda a confirmar essa ideia. De qualquer modo, o que fica ao final do filme é uma sensação de mistério, como se uma fantasmagoria fosse filmada pelas lentes realistas dos Irmãos Lumière.

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