Irmãos de Sangue

 

Revendo filmes de diretores tão diferentes quanto Max Ophuls e Carl Dreyer, cheguei à inesperada conclusão de que na verdade os dois diretores são irmãos de sangue. As estripulias visuais, os delírios barrocos dos longos planos-sequência e da cenografia repleta de pequenos objetos dos filmes de Ophuls não conseguem esconder o vazio de seus filmes, ou melhor, o vazio da vida de seus personagens, dessa aristocracia decadente. Seus personagens entregam tudo pelo amor, assim como os de Carl Dreyer, mas através de um estilo extremamente rigoroso, sem concessões, com pouca movimentação e tempos alongados. Mas ambos sentem. Dreyer esconde esse sentimento por meio desse rigor quase obsessivo; Ophuls por meio das superfícies dos padrões do “cinema francês de qualidade” da época. Mas por trás disso há uma constatação que o que guia a nossa vida é o desejo, ainda que se faça uma profunda crítica do que significa isso.

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