Sideways

Sideways
De Alexander Payne
Est Paço, qui 10 19hs
**

O terceiro longa de Alexander Payne é disparado o mais simples de seus filmes. Sideways é acima de tudo um filme de roteiro, com uma decupagem simples e baseado nos diálogos. Não é de fato um filme de invenção, mas isso não tira os méritos da encenação de Payne. Em primeiro lugar, o filme faz uso de um dos mais brilhantes usos do merchandising em muito tempo no cinema: perfeitamente integradas na trama, as vinícolas, o hábito do vinho, o turismo pela região têm tratamento destacado no filme mas que nunca chega ao grotesco, sendo um meio ideal para o financiamento do filme.

O filme é muito humano, e fala sobre um tempo de espera entre dois amigos muito diferentes e ao mesmo tempo com muita cumplicidade entre si. Um é o intelectual, o escritor fracassado, que não tem seu livro publicado e divorciado da mulher que ama; o outro é o ator “pegador”, bonitão, às vésperas de se casar. Nesse road movie de reavaliação interior, um representa a razão, o outro, o instinto. Mas suas carências, suas inseguranças se revelam: eles inesperadamente se tornam a mesma pessoa.

Assim como em As Confissões do Schmidt, a comédia de Sideways vem do constrangimento. Mas quem acha que Payne julga seus personagens ou que caçoa deles está redondamente enganado. Ao contrário, surge um olhar muito humano e tolerante com os limites desses personagens. A cena em que o escritor conversa com Maya na casa de Stephanie, quando fiam a sós mas o escritor não consegue “dar o bote” nela é antológica. Assim como a cena que o ator pegador fica desesperado e pede ajuda ao amigo escritor para resgatar sua carteira.

Muitas coisas pessoais, muitos insights. Pode não ser um grande filme, mas Sideways encanta por como trata de forma honesta e carinhosa as limitações de seus personagens. Bom filme.

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