La Stanza Del Figlio
O Quarto do Filho
de Nanni Moretti
**
Já pelos dez minutos de filme percebemos que há uma grande virtude no cinema de Nanni Moretti: antes de tudo, ele é um bom observador do cotidiano da vida. O Quarto do Filho – que tem um tom mais cerimonioso em relação aos anteriores Aprile e Caro Diário – antes de mais nada é um filme que celebra a possibilidade de o cinema acompanhar o rumo das coisas, e Moretti o faz através de uma câmera fluida, em longas steadicams, apesar de discreta. Ainda assim, O Quarto do Filho também é cercado com elipses e cortes secos, mas não se trata propriamente de um filme de linguagem, mas essencialmente um trabalho simples, um filme de câmara sobre a dor de uma família que perde um filho adolescente. Outra virtude do filme é que o acidente que provocará a perda acontecerá lá pelos 30 minutos de filme, então toda a sua primeira parte é uma longa preparação para o que virá depois. Mas acontece que Moretti não está muito preocupado em ir a fundo na dor dessa família, e desde então, o filme busca um certo amaciamento desse impacto, e circula alguns lugares comuns sobre a perda, especialmente sobre a crise do pai psicólogo que não consegue mais atender seus clientes. Desse modo, O Quarto do Filho, vencedor do Festival de Cannes, nos convence por alguns belos momentos, mais do que por sua proposta ou pelo “todo” que o olhar do realizar articula. Momentos como uma música de Brian Eno (By the river), a viagem de carro no final do filme, uma corrida noturna. De qualquer forma, Moretti evita o dramalhão e realiza um filme oportunamente simples e humano sobre o sentimento de perda, mas sem querer levar esse exame a uma certa profundidade, ficando numa certa superfície, mais confortável. Por fim, o autor-ator Moretti tem uma interpretação memorável, com uma economia, tentando manter uma serenidade quando tudo o mais parece desmoronar, que é uma espécie de síntese do filme. Moretti sabe o quer e realiza com precisão, a questão é que em se tratando de uma questão extrema, eu espero um mergulho de cabeça numa piscina sem água e Moretti prefere o conforto do remanso.
de Nanni Moretti
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Já pelos dez minutos de filme percebemos que há uma grande virtude no cinema de Nanni Moretti: antes de tudo, ele é um bom observador do cotidiano da vida. O Quarto do Filho – que tem um tom mais cerimonioso em relação aos anteriores Aprile e Caro Diário – antes de mais nada é um filme que celebra a possibilidade de o cinema acompanhar o rumo das coisas, e Moretti o faz através de uma câmera fluida, em longas steadicams, apesar de discreta. Ainda assim, O Quarto do Filho também é cercado com elipses e cortes secos, mas não se trata propriamente de um filme de linguagem, mas essencialmente um trabalho simples, um filme de câmara sobre a dor de uma família que perde um filho adolescente. Outra virtude do filme é que o acidente que provocará a perda acontecerá lá pelos 30 minutos de filme, então toda a sua primeira parte é uma longa preparação para o que virá depois. Mas acontece que Moretti não está muito preocupado em ir a fundo na dor dessa família, e desde então, o filme busca um certo amaciamento desse impacto, e circula alguns lugares comuns sobre a perda, especialmente sobre a crise do pai psicólogo que não consegue mais atender seus clientes. Desse modo, O Quarto do Filho, vencedor do Festival de Cannes, nos convence por alguns belos momentos, mais do que por sua proposta ou pelo “todo” que o olhar do realizar articula. Momentos como uma música de Brian Eno (By the river), a viagem de carro no final do filme, uma corrida noturna. De qualquer forma, Moretti evita o dramalhão e realiza um filme oportunamente simples e humano sobre o sentimento de perda, mas sem querer levar esse exame a uma certa profundidade, ficando numa certa superfície, mais confortável. Por fim, o autor-ator Moretti tem uma interpretação memorável, com uma economia, tentando manter uma serenidade quando tudo o mais parece desmoronar, que é uma espécie de síntese do filme. Moretti sabe o quer e realiza com precisão, a questão é que em se tratando de uma questão extrema, eu espero um mergulho de cabeça numa piscina sem água e Moretti prefere o conforto do remanso.
Comentários
É um filme-maratona (6 horas divididas em 2 partes de 3) mas é a mais bem contada história de Itália da actualidade.
Espero ver a crítica aqui.
Um abraço
Rafa