Indiscutivelmente, Se Eu Fosse Você é mais interessante que a sua continuação. Se por um lado, o filme é uma colcha de retalhos, cópia de diversos trechos de filmes americanos de sucesso (de O Espírito Baixou em Mim a Mudança de Hábito), por outro se há uma coisa interessante é o olhar sobre o funcionamento de uma agência de publicidade feito por um diretor de cinema que se consagrou na televisão. Se Eu Fosse você parece um olhar – inevitavelmente contraditório – sobre esse pêndulo que assola o cinema brasileiro, entre o mercado e o cinema de autor. Tony Ramos é um dos sócios da agência de publicidade, e quer dirigi-la “à antiga”, enquanto confronta o outro sócio (Thiago Lacerda), mais jovem, que quer vender a agência para um grupo paulista, torná-la parte de um grande conglomerado de mídia. Entre a profissionalização e o semi-amadorismo, Se Eu Fosse Você claramente tem uma solução romântica, e aponta para a possibilidade de sobrevivência desse pequeno escritório, mantido com muita criatividade e muita paixão, de forma obsessiva. Resistente “aos novos tempos”, Daniel Filho aponta para o caráter artesanal dessa agência de publicidade, e nisso algumas vezes soa até comovente, mas não deixa de ser contraditório. Esse “meio do caminho”, essa fissura entre o sonho e a realidade é que torna Se Eu Fosse Você um olhar sobre as agruras do atual cinema brasileiro de mercado.
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