Divã

Vi Divã. O que este blog pode dizer sobre o filme? A única coisa com o mínimo de sentido que posso fazer é compará-lo ao Se Eu Fosse Você 2, mas, antes de fazê-lo, percebo o ridículo dessa situação. Recursos moderninhos: casamento com simulação de câmera amadora, desabafo no divã como simulação de um documentário. Tudo simulação. O paradoxo do cinema comercial brasileiro e da televisão brasileira: o mainstream dos meios de comunicação de massa não tem (mais?) a necessidade de coroar “os valores tradicionais da ética e da família”. Exemplo: como Divã apregoa a legitimidade da traição, ou ainda, a banalização da traição, apesar da culpa. A estratégia da Total Entertainment: a tentativa de modernização dos relacionamentos amorosos associada a uma narrativa conservadora em termos estéticos. O estranho equilíbrio capenga entre riso e emoção que é sempre a espinha dorsal do filme. Ver que o Gianecchini é o José Mayer amanhã: incapaz de demonstrar algum sentimento. A funcionalidade contagiante da cena do “baseado”. A beleza do início estranho (ela observando a si mesma numa exposição de quadros abstratos, diante da chuva). O interessante diálogo final no restaurante (reconhecer sem ressentimento que o termo Armani veste melhor na outra do que em si mesma, ainda que a outra cuide mal dele). E a terrível banalidade de todo o resto.

Comentários

Postagens mais visitadas