Nessas semanas fiquei assistindo com meus pais a mais uma edição da "Semana do Cinema Brasileiro" na TV Globo. Um resumo do cinema comercial brasileiro, apoiado pela Globo Filmes. E temos que admitir que o cinema brasileiro passa por uma fase de amadurecimento. Inclusive na sua ponta mais comercial. Filmes como "Até que a Sorte nos Separe" ou "Assalto ao Banco Central" são bastante eficientes no que se propõem. Há cerca de 15 anos, o cinema brasileiro de bilheteria ainda estava excessivamente preso a veículos de popularidade extraídos da televisão: as franquias Xuxa-Trapalhões. Agora as produtoras se profissionalizaram, e há uma busca por um cinema de público com um ritmo mais ágil, com uma proposta menos anacrônica. É claro que ainda podem ser feitas várias restrições: a excessiva concentração em filmes de comédia, a referência a um modelo estético "norte-americano", o cinema comercial com recursos quase integralmente bancados pelo Estado. Mas, nos últimos dez anos, parece inegável que o cinema brasileiro se tornou uma cinematografia, seja no seu espectro mais comercial seja nos filmes mais radicais, cuja repercussão é cada vez maior. Esse leque nos desafia a pensar o cinema brasileiro menos em termos de dicotomias, e investigar as zonas de cinza entre o chamado "comercial" e o "artístico". Esse parece ser o próximo passo (decisivo) nesse eterno caminho (utopia?) do cinema brasileiro.

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