pausa para reflexão

Luiz Pretti, no Cahiers du Ceará, fala uma frase sobre Amantes Constantes que tem ficado comigo nesses últimos dias: “Mas é também um filme sobre a necessidade de realizarmos obras independente (sic) de o mundo querer ou não as obras que temos para oferecer.” A chave aqui é o uso do plural, o que sugere que Luiz fala não só do filme especificamente mas de todo um cinema, que aqui tomo a liberdade de me incluir, mesmo que por um mero devaneio. A frase deve ser vista (ou pelo menos como eu vejo) não no sentido de que buscamos ( e aqui também eu já uso o plural) um cinema além do mundo, de os realizadores estarem “acima das pessoas”, mas no sentido de serem diferentes, e não desanimarem pelo fato de serem diferentes. “Querer”, nesse sentido, é como “estar pronto”. Outra chave ainda é o “temos para oferecer”. Isso é muito bonito. O que “temos para oferecer” é um enorme descompasso em relação ao que o mundo quer ver, em relação ao que o cinema busca ser, mas o que isso importa? No fundo, importa mesmo é o que queremos dizer e o que podemos dizer, e, claro, o rigor, a coerência e a vontade de dizermos da forma adequada.

Comentários

Anônimo disse…
como disse Godard mais ou menos (não sei se parafraseando alguém): "não existe mudança, pois é tudo diferença".
continuemos sempre diferentes independente do "mundo" querer ou não.
abs.
Ricardo

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