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O Gustavo fez um simples comentário que muito me envaideceu. Disse que meus filmes eram fruto de um paradoxo: enquanto na vida pessoal eu me mantinha com um jeito reservado, contido, nos meus trabalhos era surpreendente a minha capacidade de me expor nos filmes, com um jeito inclusive de autocrítica, patético, desajeitado, indefeso. Esse comentário é na verdade uma observação direta, mas muito atenta e íntima do “que está em jogo” nos meus curtas, porque evidencia essa “distância respeitosa” ou que coloca na corda-bamba (às vezes) as potencialidades de expressar os sentimentos, de fazer um trabalho pessoal. Em menos de 24 horas, além do Gustavo, o Guilherme e o Rosemberg falaram quase o mesmo: o primeiro na questão de como o filme expressa um estilo pessoal; o segundo na importância de eu ser o ator em alguns dos meus trabalhos, de me colocar também em frente à lente mesmo eu não sendo certamente um ator. Expor, nesse caso, torna-se sinônimo de revelar, e mais que revelar, colocar-se à prova.

Penso em como seria fácil “expor-me” utilizando os clichês de um cinema confessional, como a narração em off (desde os filmes de Truffaut ao monólogo de desabafo dos curtas do Adriano Lírio, por exemplo) ou a música melosa, mas todo o meu trabalho se debruça sobre como essa expressão pessoal pode partir através de uma visão de cinema, que envolve o tempo, o espaço, uma visão particular, íntima de dramaturgia.

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