mostra percursos - UFC

Dois filmes femininos

Humano, egocêntrico, de Lena Araújo
O que é um plano? Um encontro. O que pode ser um plano senão um encontro? Em humano, egocêntrico, Lena Araújo utilizou os princípios da videodança para fazer dançar Lumière e saltar direto no cinema contemporâneo. Um plano é um encontro, e um encontro é um gesto. Daí que o filme é uma aventura delicada entre dois corpos que se fundem, entre as duas bordas do quadro, entre estar-lá e não-estar-aqui. Um desejo. Um plano, um gesto, um movimento. Um movimento delicado. Desesperadoramente delicado. Um encontro delicado, mas rigoroso e preciso. Nessa aventura, os movimentos trafegam os limites do enquadramento, transbordam de si. Ser e não ser. A presença pelo corpo da dança e a ausência pela holografia da projeção digital. Um encontro, acima de tudo entre o cinema e o mundo, entre o corpo e a representação. Um beijo, um toque, um gesto. O que é um plano mesmo?

Jaime, de Luciana Vieira
Uma filha que vê um pai que visita um pai. Uma despedida. Um filme sobre um diálogo: diálogo de um pai com um pai, de uma filha com um pai, de uma câmera com um quarto, de uma realizadora conosco. Uma intimidade compartilhada de forma delicada. Olhares que mostram o que esses olhares não mostram. A necessidade do afeto diante do luto. Um filme de resistência. A palavra contra o silêncio. É preciso resistir. Um filme político. A imagem íntima como uma política da resistência. Eu te amo.

Comentários

Postagens mais visitadas