O Princípio da Incerteza
De Manoel de Oliveira
Cine Doré dom 23 19hs
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Mais um filme do eterno Manoel de Oliveira, mais uma adaptação literária, mais uma de Agustina Bessa-Luís. Mais um filme, e outro filme. O Princípio da Incerteza, mais um filme no atual ritmo do mestre Oliveira de “um filme por ano” é o mesmo filme de Benilde, a virgem-mãe, dos anos setenta, quando ele fazia “um filme por década”. O mesmo cinema teatral, o mesmo cinema absurdamente cinematográfico.

Mais um filme sobre o amor, mais um filme sobre o poder, mais um filme sobre a fina teia de relações sociais, mais uma farsa, mais um filme de rigor absurdo, mais um filme sobre o fim de Portugal.

Menina pobre casa com moço rico. Por trás do filme de sempre, Oliveira faz um retrato extremamente complexo e extremamente sutil sobre uma diferença de classes sociais, gerações, sexo, entre o real a e representação, entre representar os papéis de si mesmo.

A vida como princípio da incerteza.
A beleza como princípio da morte. Mas oh que princípio sedutor! “Quando morrer, o céu pelo clima, ou o inferno, pelas companhias.”

Novamente as transições brilhantes. A menina vai à casa do conselheiro e pega o trem. Cenas do trem pela janela. Ela volta da casa do conselheiro para a sua casa. Mais cenas do trem. O respeito ao percurso como instância de representação do tempo: (os cômodos sendo descritos um a um em Um Filme Falado).

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