Algumas "justificativas" (depois escrevo mais quando tiver saco...)


Jonas MEKAS
Por fazer os filmes mais intimistas do mundo, por querer fazer os filmes a frente de seu tempo resgatando o cinema das origens, por mostrar que só é possível falar do outro falando de si mesmo, pela generosidade em compartilhar uma intimidade sem medo de ser ingênuo e sem querer fazer um “cinema grande”, por mostrar que um filme pode ser artístico sem acabamento técnico

Yasujiro OZU
Por fazer o cinema mais rigoroso do mundo, por viver de forma linda e dolorosa o desafio da modernidade, o desafio de ver com dignidade a cultura oriental se desfazendo entre a tradição e a modernidade, por querer obstinadamente sempre fazer o mesmo filme, por ser novo sendo eterno, por conseguir registrar toda a complexidade da natureza humana, nossas motivações egoístas, tolas, mesquinhas, solidárias, amorosas.

Robert BRESSON
Por tornar a dramaturgia do cinema uma coisa artística, por ter uma fé descomunal na possibilidade de o cinema ir a fundo na alma das pessoas, por mostrar que só é possível ser verdadeiros se vivermos o cinema e não se “posarmos para o cinema”, por conseguir olhar nos olhos da alma das pessoas e não abaixar a cabeça

Jean-Marie STRAUB
Por fazer os filmes mais absurdamente coerentes de todos os tempos, por mostrar que só se pode transcender o filme se nos prendermos ao concreto, por revolucionar as potencialidades da linguagem no cinema ao simplificá-las ao máximo, por mostrar que cinema é arquitetura, por fazer poesia com um pedaço de concreto

Krzysztof KIESLOWSKI
Por mostrar que o mundo é feito de pessoas que sofrem e que tentam, por mostrar estilhaços de modernidade através de signos difusos e de simbologia nada trivial, por dar pistas aparentemente falsas que se encontram, por mostrar que a imagem é traiçoeira mas é tudo que temos, por mostrar que o ser humano é frágil e impotente mas é preciso acreditar nele, por mostrar que deus existe ainda que não o vemos

Andrei TARKOWSKI
Por ainda acreditar no poder miraculoso, transformador e redentor das imagens, por sua devoção a um cinema do tempo que retrate a angústia existencial do viver com seriedade, por conseguir mostrar por trás do russo carrancudo uma enorme possibilidade de sentir intensamente



Alexander DOVZHENKO
Por compor alegorias visuais a frente do seu tempo, pela coragem em destruir o esquematismo do cinema russo do pre-guerra, por fazer animais ensinarem os seres humanos a terem vida, por fazer uma declaração de amor à sua terra natal e à possibilidade de ressurreição diante da guerra, por fazer da poesia um libelo de transformação pessoal e política da vida

Comentários

Anônimo disse…
Cadê Pier Paolo Pasolini? Snif, snif...

uma menção honrosa de repente? ho ho ho.
Anônimo disse…
Ikeda, finalmente criei um blog! É O Negativo Queimado: http://onegativoqueimado.blogspot.com/

Sobre cinema e (espero) outras coisas também. Visite sempre!
Anônimo disse…
oi marcelo, eu sei que ja te incomodei com isso mas teria como voce me emprestar o dvd com seus curtas?

brigado.
Anônimo disse…
Se não estou enganado, assim que chegar em casa confirmo, Scorsese, em No Direction Home, usou trechos de algum filmeco de Mekas... abs...
CFagundes disse…
Botei um texto do Mekas no meu blog, "Just like a shadow"

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