Gostaria de fazer um curta que, à minha maneira, fosse uma adaptação desse quadro do Matisse. Dizem que Matisse é o artista da cor e das mulheres, mas é preciso olhar para além das superfícies. Nesse quadro, me interessa o tom sensual da cor e do olhar em relação a um tom lúgubre, de distância, de melancolia. Mas não tem o fatalismo terrível de um Munch. Este é um quadro em aberto, um quadro projetado para o futuro. O que virá desse encontro? Me interessa a relação entre o primeiro plano e o fundo, a paisagem como espelho desse “entremeio”, desse “entre” como espaço intermediário entre os corpos e os olhares. Me lembra um filme do Renoir, em que abrir uma janela se revela espaço de abertura de um mundo. Me interessa esse quadro pela posição de corpo dos personagens. Não só pelo seu olhar e pelas dobras do corpo – tenso e sensual – mas especialmente pela posição das mãos dos dois personagens. Seja num bolso ou num vão da cadeira, essas mãos mais revelam do que escondem, sendo a única mas extraordinária pista “psicológica” do que possa ser esse encontro...

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